terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Diretor do Corinthians nega veto a Mano: 'Aqui não é minha casa. Eu não trago quem eu gosto'


Depois de falar de política e dizer que não fica em 2014, o Diretor de Futebol do Corinthians, Roberto de Andrade, fez um balanço de 2013 e contou um pouco do planejamento para a próxima temporada. Na segunda parte da entrevista para o ESPN.com.br, o dirigente culpou o excesso de jogos pela temporada ruim do time. "Tivemos que forçar alguns jogadores. Fabio Santos cansou de jogar machucado", afirmou.
Andrade falou também dos jogadores 'baladeiros', da relação da diretoria com os atletas, da torcida organizada e do ano de Pato. "Foi bom. Poderia ser melhor? Poderia ser melhor".
O diretor ainda disse que nenhum jogador vai ser dispensado, que cumprirão contratos, mas que todos são negociáveis. Comentou também sobre Mano Menezes, que será anunciado nesta quarta-feira"Isso aqui não é minha casa. Eu não trago para cá quem eu gosto ou quem eu quero".
Leia a entrevista na íntegra.
ESPN.com.br - A reformulação do elenco, já está definida?
Roberto de Andrade - Sim.
E já está em execução?
Sim.
Quantos jogadores vocês pretendem contratar?
Não sabemos ainda, estamos vendo.
Para que posição?
Não falo. Vocês já falam todos os dias tudo que precisamos. A imprensa toda fala. Vocês criticam todo mundo. Vamos pegar o que vocês criticam e tentar trocar.
É?
É. Vamos dar razão para vocês.
Vocês vão trocar o que estamos criticando?
Sim.
O que estamos criticando?
Você sabe (risos).
Já estão definidos?
Não estou falando aqui que vamos mandar alguém embora. Todo mundo tem contrato e será respeitado. Não vamos mandar ninguém embora. Vamos trazer mais gente para deixar o elenco mais forte. Sempre a ideia do Corinthians é deixar o elenco mais forte.
Mas dos jogadores que estão hoje no Corinthians...
Todos ficarão aqui para cumprir o contrato. Caso venha alguma proposta para alguém, hoje não há nenhuma proposta. Então, entende-se que todos cumprirão o contrato. Eu só posso falar algo diferente do que eu estou falando a hora que tiver uma proposta por escrito, oficial, Caso não chegue isso, todos vão ficar aqui até o último dia do contrato.
O Danilo, por exemplo, tem contrato até julho do ano que vem. O jogador e o empresário já querem saber se vai ter interesse de renovar, não querem?
Eu não tenho que avisar ninguém. Eles sabem quando o contrato acaba. O direito é dele de fazer um pré-contrato.
Mas eles têm direito de perguntar para vocês sobre o futuro, não?
Sim, lógico. Mas não aconteceu ainda. Com nenhum jogador.
Que perfil que você acha que o novo treinador tem que ter?
Tem de ser competente, ter currículo. Tem de segurar tudo isso aqui que não é brincadeira. Precisa de alguém que tenha alguma bagagem.
Há quem diga que o nome de Mano Menezes não era o seu preferido. Isso existe?
Meu? Isso aqui não é minha casa. Eu não trago para cá quem eu gosto ou quem eu quero. Aqui a gente precisa trazer quem é melhor para o Corinthians. As pessoas confundem um pouco. Na minha casa eu faço o que eu quero. Aqui não. Aqui eu faço o que é melhor para o Corinthians. Se for o Mano Menezes vai ser porque nós achamos que ele é o melhor para o Corinthians nesse momento. Não é o que o Roberto acha. É importante deixar isso claro. Não é o que o Mario quer, ou o que o Roberto quer, ou o que o Edu quer. Fazemos o que é melhor para o Corinthians.
Como você enxerga a relação da diretoria com os jogadores?
É uma empresa normal, tem problemas normais como tem em qualquer lugar. A nossa relação aqui é a melhor possível.
Sair com jogadores, acha que é um problema?
Isso acontece em qualquer lugar. A gente sai com todo mundo, não quer dizer nada e não é um problema. As pessoas criam essas coisas. Você não carrega ninguém para lugar nenhum. Isso não existe. Um homem de 30 anos, rico, e eu vou levar ele em algum lugar? Ou ele vai me levar? Não precisa disso.
Não pela idade, mas pela relação profissional...
Você não pode se dar com ninguém do trabalho? Só porque eu sou diretor não posso conversar com ninguém? Se o diretor tem essa postura, vão falar que ele é arrogante.
Não há preocupação com a torcida, de em um momento ruim manter essa relação e ter cobranças?
Cada um sabe o que é certo e o que é errado. Você sabe o que é certo e o que é errado. Você pode querer fazer e sabe das consequências. Eu não posso querer tomar conta de todo mundo. Fora daqui eu não tenho como policiar todo mundo e nem é nossa função.
Como você vê a cobrança da torcida, especialmente a organizada, com jogadores que vão para baladas ?
Acho que é um direito da torcida fazer isso e o jogador que for 'vivo' fica em casa, para evitar esse confronto desnecessário, na minha visão. Mas você não pode proibir ninguém de sair de casa. Só porque estamos perdendo o cara não pode sair para jantar? Não tem sentido. Sei que não é isso que eles reclamam, não é de um restaurante, claro. Cada um é responsável pelo que faz.
Isso chega a ser conversado?
Não é competência nossa. Competência nossa é ele chegar no horário para treinar, trabalhar, vir para o jogo, fazer um bom jogo, depois não é problema nosso.
Mesmo que o desempenho dele não esteja dos melhores?
Se afetar o desempenho é diferente. O treinador vai conversar com o jogador, ver o que ele está fazendo. Ele vai ser cobrado pelo fraco desempenho, independente do que esteja fazendo fora. Às vezes o cara que está mal tem família, não sai nunca. Não dá para agir com o mesmo discurso do mesmo jeito.
Vocês conversaram com algum jogador nos últimos dias?
Não. Quem discute desempenho é a comissão técnica.
A diretoria do Corinthians influencia em quem vai jogar nesse fim de ano, para questão de venda de atletas?
Se eu for fazer isso, eu mando o treinador embora. Cada um tem a sua função. Essa não é a nossa. Se a gente pagou caro e o técnico não quer colocar, a gente vai respeitar. Até porque, se for assim, jogador que vem de graça não vai entrar nunca? Se quem tem de jogar são os caros... Essa teoria não existe.
O Pato tinha que ter jogado mais?
Não acho nada. Concordo com o que o meu treinador fizer.
O que você achou do pênalti do Pato?
Como todo mundo enxergou. Desnecessário fazer aquilo, mas a gente tem de aceitar. Não vamos crucificá-lo por isso. Não podemos nos esquecer que outros dois jogadores também perderam o pênalti naquele dia e não fizemos o gol em 90 minutos. Temos que enxergar de forma mais ampla.
Ele procurou vocês depois?
Não. Como não procura quando faz gol.
Qual foi a maior dificuldade do ano?
Tivemos uma queda no rendimento, física e técnica, por causa do excesso de jogos. Em alguns jogadores pontuais, que não tínhamos reposição, tivemos que forçar alguns outros que não era para ter uma sequência tão grande. Você insiste com um jogador três ou quatro jogos seguidos e você acaba perdendo para o resto do ano, que ele não consegue se recuperar. Uma soma disso tudo, com a queda técnica e com a física, resulta nisso.
Fábio Santos e Guerrero?
Eles se contundiram. O Fábio Santos é um exemplo de jogador, que muitas vezes entrou no sacrifício. Cansou de jogar jogos machucados para cooperar com a equipe. Vou dar um exemplo para você, o Danilo é um jogador que tinha que ter todos os cuidados do mundo para não ter quatro jogos seguidos, por uma fadiga muscular, e ele teve de fazer por não ter outro na função. Acabou estragando o resto do ano. Era tudo previsto. Mas nem sempre a previsão dá certo. Tem o imponderável. Tem isso no futebol.

Para 2014 vocês estão pensando nisso?
Para 2013 a gente já pensou. Mas tem o imponderável, como eu falei. Não dá para você ter três jogadores para cada posição. Temos dois. Mas se machuca um, você tem um só. Se esse estoura, você faz improvisação. E aí as coisas não funcionam como você gostaria.
As laterais foram os setores mais prejudicados, nesse sentido?
A gente sabe das nossas necessidades, não é de hoje. Agora é hora de acertar as necessidades.
Qual o balanço da vinda do Pato?
É boa. Poderia ser melhor? Poderia ser melhor. Mas não é ruim. Todo mundo que está aqui poderia melhorar.
Vocês costumam dizer que nenhum jogador é inegociável. O Pato também está dentro disso?
Todos, sem exceção. Se a gente tiver proposta para 100% do elenco e 100% do elenco quiser sair, todos sairão. Não existe dizer algo diferente.
Você falou sobre o excesso de jogos ter prejudicado vocês. Como você vê o calendário?
Excesso de jogos. Quarta e domingo, quarta e domingo, você não consegue recuperar ninguém. Se você não tem uma semana cheia, fica mais fácil. Ainda mais viajando para jogar. É complicado.
É uma das principais dificuldades que vocês têm hoje?
Eu acho. Não sou eu quem digo, mas profissionais gabaritados dizem que a pré-temporada é muito importante. A gente não consegue fazer isso direito. São dez dias quando tem. É isso que faz falta ao longo do ano. Se tivesse 30 para férias, mais 30 para pré-temporada, teríamos um ano melhor.
Vocês vão jogar com o time principal no Paulista?
Não resolvemos nada. A nova comissão técnica vai definir. Mas não está escrito em lugar nenhum que eu preciso usar os que ganham x ou y.
Enquanto não mudar, acha que usar a base vai ser uma solução?
Nós temos alguns exemplos. O próprio Cruzeiro é um exemplo, conseguiu fazer uma grande temporada.
Você acha que o estadual ainda tem importância?
Eu acho que tudo que a gente disputa tem importância. A importância sempre não existe para quem não ganha. Se você está disputando para ganhar, tem importância. Não tenha dúvida.
Precisa ter esse número de datas?
Poderia ser mais enxuto.

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