Você consegue me responder na lata quem é o maior culpado por tudo que há de mau em “Amor à Vida”? Seria Félix (Mateus Solano), Glauce (Leona Cavalli), Alejandra (Maria Maya), Leila (Fernanda Machado) ou a figurante japa sem fala? Claro que não. A fonte de todo o mau é o doutor César (Antonio Fagundes), e ele agora quer uma segunda chance.
Embora Félix seja o responsável pelas maldades (como jogar a ratinha numa caçamba de lixo, adulterar exame de DNA e orquestrar o sequestro de sua sobrinha), há uma razão para toda essa demonstração quase gratuita de ódio. Félix sempre foi renegado pelo pai, que preferiu abster o filho de carinho apenas por ser diferente de outros meninos. Não estou falando que o personagem de Mateus Solano está certo em cometer todas essas atrocidades, mas tudo o que o personagem faz é tentar ser visto pelo pai. Todo o esforço em conseguir chegar à presidência do San Magno é tudo para fazer o pai sentir orgulho dele.
Embora Félix seja o responsável pelas maldades (como jogar a ratinha numa caçamba de lixo, adulterar exame de DNA e orquestrar o sequestro de sua sobrinha), há uma razão para toda essa demonstração quase gratuita de ódio. Félix sempre foi renegado pelo pai, que preferiu abster o filho de carinho apenas por ser diferente de outros meninos. Não estou falando que o personagem de Mateus Solano está certo em cometer todas essas atrocidades, mas tudo o que o personagem faz é tentar ser visto pelo pai. Todo o esforço em conseguir chegar à presidência do San Magno é tudo para fazer o pai sentir orgulho dele.
O jeito torto que César cria seus laços familiares afetou Paloma (Paolla Oliveira) também. Cada mimo exagerado para a filha acabou no que deu: numa personagem fraca incapaz de ser contrariada e de enfrentar desafios. Porque é isso o que é Paloma: uma menina mimada pelo pai. Basta ver aquela fuga dela logo no primeiro capítulo para mochilar com Ninho (Juliano Cazarré), embora ela gritasse por liberdade ela ainda se mantinha através do cartão de crédito do pai.
A relação conturbada com Pilar (Susana Vieira) durante anos acabou nesse ódio da esposa. Após ser traída com tantas outras, não sobrou caminho para Pilar a não ser tomar parte do hospital de seu ex-marido. E, veja bem, esse desejo de Pilar é muito semelhante ao sentimento de Félix: ela quer chamar a atenção de César desesperadamente, nem que tenha de tomar algo que ela mesma não dá valor.
Todos os problemas estruturais na família dos Khoury são culpa de César, um ser passional demais, extremista demais. Ou ele ignora completamente aqueles que o amam, Félix e Pilar, ou ele dá afeto demais, como no caso de Paloma. E sabe o que é pior? César sabe disso, e ele sente muito por isso. Você acha que César não se lamenta todas as noites ao dormir por ter sido um pai irresponsável e um marido falho? Talvez por isso ele tenha comprado com tanta alegria a vida nova oferecida por Aline (Vanessa Giácomo): ela deu um novo filho (ou seja, uma chance de tentar ser um bom pai ao menos uma vez na vida), uma nova mulher e uma promessa de vida correta nos últimos anos de sua vida.
E você, leitor, acha estar numa posição que te permita julgar essa atitude do César? Se a resposta foi sim, apenas me diga: quantas vezes você já tentou recomeçar na vida? Quantas vezes você não viu em um novo emprego, uma nova faculdade ou em uma nova pessoa uma chance de começar de novo e ser alguém melhor, diferente dos defeitos que você tanto odeia e mais próximo do que você visualiza como ideal?
Infelizmente (para nós e para o César), isso não existe.
Continuamos sendo os mesmos de sempre.
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