A candidatura à reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), transita entre a glória e a incerteza, faltando pouco mais de uma semana para a eleição, a ser realizada em 2 de fevereiro.
No campo jurídico, o artigo 57 da Constituição Federal é claro ao vetar a reeleição na mesma Legislatura – independente de interpretação, como defendem aliados de Maia. O democrata, no entanto, está convencido que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal endossará a candidatura.
Na semana passada, Maia levou um susto do juiz substituto Eduardo Ribeiro de Oliveira, da 15ª Vara Federal. Em decisão liminar, ele derrubou a candidatura do presidente da Câmara. Ontem (23), o presidente do TRF 1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), desembargador Hilton Queiroz, derrubou a decisão.
Ciscando de um tribunal para o outro, a decisão caiu no escaninho do ministro do Celso de Melo. De acordo com informações de bastidores, o decano do Suremp tende a referendar a candidatura de Maia. Mas não há garantia. Maia se ancora em rumores de que a Corte Suprema pretende garantir a governabilidade do presidente Michel Temer.
No campo político, Maia costura uma aliança capaz de garantir uma vitória esmagadora sobre os adversários André Figueiredo (PDT-CE), Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF).
Pelo leque de partidos fixados à aliança, serão 350 votos, com folga. São legendas de direita, centro e, pasmem, de esquerda (PCdoB e PT).
Aos adversários, a fé está no Judiciário, que pode abrir nova brecha na Constituição para permitir a candidatura à reeleição do presidente da Câmara. No voto, Maia é imbatível.
Mão na massa – Faltando uma semana para o retorno das atividades no Congresso, o Palácio do Planalto já monta um cronograma das prioridades para o semestre. De acordo com o líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), o presidente Michel Temer pediu para instalar a comissão especial da Reforma da Previdência em 2 de fevereiro, logo após a eleição da Mesa Diretora. Outra pauta que o governo pretende aprovar no primeiro semestre “é a modernização das leis trabalhistas”. Segundo Moura, as propostas são essenciais para alavancar a economia.
Tempo errado – A Força Sindical e o Sindicato Nacional dos Aposentados erraram na data para a realização de atos contra a Reforma da Previdência: 24 e 25 de janeiro. Na primeira, o protesto acontecerá em vários estados. No seguinte dia, a manifestação será concentrada em São Paulo, feriado de aniversário da cidade. Há tendência de baixa adesão, devido ao recesso e às férias. Os sindicalistas são contra alguns pilares da proposta enviada pelo governo ao Congresso. Entre eles, estão a idade mínima de 65 anos, a equiparação entre homens e mulheres e a desvinculação das pensões em relação ao salário mínimo.
Só pensa naquilo – Nem acabou o recesso parlamentar, mas os deputados federais só pensam em eleição (ou reeleição) em 2018. Querem realizar reforma política sobre o financiamento de campanha. Tudo porque o Supremo Tribunal Federal derrubou o financiamento privado. O custo para eleição de um mandato para a Câmara, segundo estimativas no Congresso, seria de R$ 1,5 milhão para cada parlamentar. Sem espaço para o retorno de recursos privados, os deputados querem sistema misto, com a maior parte vindo dos cofres públicos. Pobre contribuinte!
CURTAS
Dobradinha – O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) tornou-se o maior cabo eleitoral do líder da bancada, Eunício Oliveira (PMDB-CE), na eleição para presidente do Senado. Com Renan Calheiros sabotando sua candidatura, Eunício prefere que Lira o suceda na liderança, em 2017. O jogo pode virar contra Renan.
Golpe de misericórdia – Candidato a vice-presidente da Câmara, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) está convencido: “O apoio do PCdoB à candidatura à reeleição do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi o golpe misericórdia na campanha de Jovair Arantes (PTB-GO)”. Arantes é o candidato do chamado centrão.
Perguntar não ofende – Quem tem mais interesse na morte do ministro Teori Zavascki: aliados do presidente Michel Temer ou o ex-presidente Lula, que tem um capítulo específico na delação premiada da Odebrecht?
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