sábado, 11 de setembro de 2021

Os impressionantes preços dos carros

 

A Volkswagen lançou o novo SUV médio da marca, o Taos, há apenas três meses. Ele veio para se tornar o “irmão do meio”, posicionado entre o T-Cross e o Tiguan. Pois bem: a empresa acaba de anunciar reajustes de quase R$ 5 mil nas versões Comfortline e Highline. Em algumas lojas, a de entrada pulou de R$ 155 mil para R$ 160 mil; a topo de linha foi R$ 181,8 mil para R$ 187 mil. O problema seria simples se esses reajustes afetassem apenas os produtos da VW. Bastaria deixar de comprá-los. Mas não é. 

A soma da pressão inflacionária nos custos de produção com a falta de oferta (exatamente em razão do sumiço de insumos, como semicondutores) dá nisso. O aço, matéria-prima básica de qualquer carro, subiu neste ano 30%. Junte também desvalorização cambial e combustível caro. Sem falar, claro, no lucro dos acionistas: um Fiat Doblò, versão Essence, com motor 1.8 e câmbio manual (e alguns pacotes de acessórios) pode sair por impressionantes R$ 132 mil. Quem quiser um Fiat Fiorino básico para trabalhar, e somente tendo como opcional a direção hidráulica, tem que desembolsar até R$ 90 mil. Quem aguenta?

Esse comportamento faz sobrar até para quem quer apenas (ou só pode) um carro usado: no primeiro semestre, eles encareceram 13%. Os preços dos modelos 0km, devido a recessos extemporâneos de montadoras como a Chevrolet, subiram acima dos 4% neste mesmo período, segundo dados da Kelley Blue Book Brasil, empresa especializada na pesquisa de preços de veículos. 

Dados da Fipe  mostram que, entre fevereiro de 2020 (mês anterior ao início da pandemia de Covid-19) e julho de 2021, os preços de carros 0km subiram 19,9%. Esse resultado semestral da variação dos 0km torna clara a pressão maior dos preços de modelos ainda fabricados pelas montadoras. Exemplo: os modelos 2022 passam dos 7,5% de acréscimo. Os 2021, que foram sendo substituídos ao longo do semestre, e mais desatualizados, como os 2020 e 2019, tiveram seus preços estabilizados nos primeiros seis meses do ano. 

Agosto sem gosto - Os seminovos e usados subiram mais do que os 0km, segundo a KBB Brasil. Os modelos até 2018 subiram 0,92% em relação a julho; os produzidos até 2011 ficaram 1,46% mais caros. As marcas que tiveram maiores reajustes foram Jeep (1,24%), Fiat (1,23%), Volkswagen (0,9%) e Renault (0,78%). Chevrolet, Citroën, Mercedes-Benz, Volvo e outros não elevaram seus preços. A picape Renault Oroch foi a que teve maior acréscimo, custando 2,03% a mais do que em julho. 

Carros usados - A Fenauto, que representa o setor de lojistas de veículos multimarcas por todo o Brasil, publicou relatório com os resultados das vendas de veículos seminovos e usados durante agosto. Em relação ao mesmo mês do ano passado, foi registrado um aumento de 13,8%. No comparativo acumulado do ano, a evolução também é positiva em 47,2% (ante ao mesmo período do ano passado). Em Pernambuco, o crescimento em todo 2021 foi de 53% (283.501 unidades vendidas contra as 185.504 de 2020).  Em percentual, o melhor desempenho foi do Piauí, com crescimento de 119% no mesmo período.  Alagoas registrou alta de 88%. No Ceará, o comércio cresceu 79,3%. Segundo o presidente da Federação, Ilídio dos Santos, a expectativa é que, até o final de 2021 o setor consiga manter um ritmo positivo - até em função da alta procura pelos seminovos e usados provocada pela dificuldade na compra de veículos 0km.

Caoa Chery - A marca sino-brasileira emplacou 4.717 unidades em agosto. Com isso, conquista, pela primeira vez, a oitava posição no ranking das montadoras nacionais de veículos de passeio, de acordo com a Fenabrave. Com crescimento de 25% em relação a julho e de 189% sobre agosto de 2020, a montadora teve participação de 3,94% no período, considerando apenas automóveis de passeio. A marca segue na contramão da indústria que, novamente, registrou retração nas vendas. Em agosto, o mercado brasileiro vendeu pouco mais de 158 mil unidades, o que representa uma queda de 2,1% em relação ao mês anterior e 8,7% menor que agosto de 2020.

Financiamento de veículos - O comércio de veículos em agosto de 2021 somou 527 mil unidades, entre novos e usados, incluindo automóveis, motos e pesados (caminhões e ônibus). Isso representa um aumento de 4,6% se comparado a agosto de 2020, segundo dados da B3, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), a maior base privada do país. Mas os financiamentos de veículos usados registraram aumento de 9,7%, enquanto os de novos tiveram queda de 6,4%, se comparado ao mesmo mês do ano passado. No segmento de automóveis leves, a redução nas vendas a crédito de veículos novos foi ainda maior, queda de 19,7% em relação a agosto de 2020. Já o segmento de veículos pesados registrou 31,6% de aumento nos financiamentos, em comparação a agosto do ano passado, com relevante crescimento para os veículos novos - numa elevação de 55,1% no período. No acumulado do ano de 2021, até agosto, as vendas dos veículos financiados somaram 4 milhões unidades, entre novos e usados, o que representa crescimento de 20,4% em relação ao ano de 2020.

Salão de Munique - Acaba hoje o mais festejado salão do automóvel do mundo, o IAA, realizado em Munique, na Alemanha. Agora chamado de IAA Mobility, ele é o primeiro salão automotivo no velho continente desde 2019: a partir daí, a Covid parou tudo e este se tornou uma espécie de marcação econômica e social. A vida pós-pandemia, com retorno à convivência presencial e interativa; os negócios em si; e o foco em mobilidade (e não em carros apenas) deram o tom. Obviamente, os carros (e até bicletas) elétricos se destacaram. O elétrico BMW i4 foi o modelo mais tietado no estande da marca alemã. O sedã totalmente é baseado no Série 4 Gran Coupé e chega ao mercado europeu ainda este ano. A versão eDrive40 tem potência de 340cv e tração traseira e acelera de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos. A velocidade máxima é de 190 km/h e a autonomia pode chegar a 590km. 

E por falar em BMW, ela também mostrou o conceito BMW i Vision Amby, bike de pedal assistido para uso urbano e até estrada com três opções de velocidade: 25 km/h para a ciclovia; 45 km/h para ruas; e 60 km/h para vias expressas. O Renault Mégane sumiu, sem deixar muitas saudades, das ruas brasileiras, mas na Europa ele resiste. E vai virar elétrico: o E-Tech Electric tem duas opções de motor (um de 96 kW e 130cv, com torque 25,5kgfm, e outro de 160 kW, 218cv e 30,6kgfm. A Mercedes-Benz levou o EQE, um sedã elétrico com dois motores e potência de 292cv e 53,0kgfm de torque. A autonomia é de 660 km. A Porche mostrou o conceito Mission R - Feito levando-se em conta a sustentabilidade ambiental, terá - caso entre em produção massiva - dois motores elétricos com até 800 kW e 1.088cv de potência.

C4 Cactus X-Series - A Citroën vai trazer para o Brasil 600 unidades do C4 Cactus X-Series, ao custo de R$ 107 mil. Ele ganha detalhes externos e internos (nova cor e monograma, por exemplo) e personalizados nos bancos e volante (couro). A versão tem freios ABS , controle de estabilidade de comando (ESP) e de tração (ASR), assistente de partida em rampa (Hill Assist) e piloto automático com regulador e limitador de velocidade. Do ponto de vista tecnológico, um cluster 100% digital e central multimídia de 7” com sistema de espelhamento Google Android Auto e Apple CarPlay. O motor é um flex 1.6 com 118cv e câmbio automático sequencial de 6 marchas.

Vem aí o Cruze RS - Já noticiamos por aqui que a Chevrolet está preparando uma ofensiva de produtos no mercado brasileiro, com quatro novidades: o Novo Bolt, Novo Equinox, a inédita versão Z71 da S10 e o Cruze RS. Será a primeira vez que o Cruze ganha uma configuração com visual realmente esportivo na região. A RS é uma das versões mais cultuadas da Chevrolet no mundo, pelo fato de agregar acabamentos exclusivos e design mais arrojado. Já a versão Z71 da picape S10 no Brasil chega em outubro, com visual mais aventureiro. O modelo tem mais 25 anos de tradição e é a única picape da categoria com mais de 1 milhão de unidades produzidas no país.

Investimento pouco, estradas ruins - Os investimentos públicos para manutenção, adequação e construção de rodovias na última década despencaram nos últimos anos. Em 2010, por exemplo, foram gastos R$ 17,7 bilhões para essas obras. No ano passado, só foram aplicados R$ 6,7 bilhões - ou apenas 20% daquele valor. No Senado, o tema foi debatido numa reunião da Comissão de Agricultura. O presidente do colegiado, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), disse à Agência Senado que a diminuição de investimentos se reflete na situação precária das vias federais, que põe em risco os usuários e aumenta as dificuldades para o transporte de cargas. “Isso compromete o desempenho e a competitividade da indústria e da agricultura e eleva o custo dos alimentos”, ressalta ele.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) demonstrou pessimismo quanto à possibilidade de aumento dos investimentos públicos no setor. Para ele, não é certeza de sucesso o modelo de parcerias público-privadas (PPPs), que “sempre exige subsídios e garantias e também requer dinheiro público”. E quanto às privatizações? Gurgacz diz que a concessão das rodovias federais, transferindo o custo de manutenção para os usuários, também não têm dado conta de realizar os investimentos previstos e, portanto, não podem ser consideradas bem-sucedidas. Segundo o senador, dos oito trechos cedidos na última etapa do programa federal até 2018, um foi cassado e os demais enfrentam processos de ajustes que podem resultar em sua caducidade ou devolução. Dos 12 leilões de rodovias previstos inicialmente para 2021, apenas 6 devem ser leiloados este ano.

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