quinta-feira, 31 de julho de 2014

Múmia de dois mil anos ajuda a desvendar rituais antigos


“O Homem de Tollund, múmia com mais de 2 mil anos (do século IV a.C.) é uma das mais bem preservadas da História. A mumificação tornou possível o alto grau de conservação do corpo que pode ajudar a desvendar uma das facetas humanas mais curiosas: os rituais de sacrifício.

O homem que ficou conhecido como Tollund viveu na Escandinávia durante a Idade do Ferro e foi encontrado em 1950, enterrado em um pântano na Dinamarca, que possibilitou a conservação do corpo devido às condições do local encontrado, com baixa oxigenação e envolto por musgos. Na época em que descobriram o corpo acreditava-se ter sido vítima de um crime recente.


Depois de alguns exames do professor de arqueologia, P. V. Glob, foi alegado que o corpo tinha mais de dois mil anos de idade e possuía características de que havia sido utilizado como oferenda, ou seja, fora vítima de um ritual de sacrifício pelo fato de trazer ao redor do pescoço uma corda apertada feita com peles de animais.

Em 2002, com a realização de novos estudos, observou-se que a língua da múmia estava inchada e as vértebras cervicais muito danificadas, o que reforçou a tese de sacrifício, por ter sinais de enforcamento. Outro indício de sacrifício ao invés de execução (como castigo para um crime) era o fato de haver diferentes tipos de sementes no estômago da múmia. Como não era algo comum a população ter uma alimentação diversificada à época, os cientistas concluíram que a última refeição do homem era um sinal dele estar participando de alguma ocasião especial, por exemplo, um ritual.

A oferta de sacrifício para os deuses e as refeições subsequentes que todos participavam representava reconhecimento do poder divino e uma tentativa de alinhar a vida com a vontade divina. Era um ato realizado na esperança de que os deuses respondessem favoravelmente a um pedido e, caso não fosse bem sucedido, acarretaria em grandes problemas para os povos.


Os sacrifícios normalmente eram de animais e objetos inanimados, porém, em algumas raras vezes eram realizados com humanos através do enforcamento para o Deus nórdico Odin, nesse caso específico. As oferendas humanas, normalmente, eram de prisioneiros de guerra, empregados ou criminosos. Em tempos de crise os membros das famílias mais nobres poderiam ser sacrificados para apaziguar Odin.
Dessa forma, o Homem de Tollund é um achado arqueológico incrível por ser um dos exemplos mais bem preservados já encontrado na História, de rituais realizados pelos povos nórdicos para seus deuses.

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